O primeiro passo é entender o que é ponto de equilíbrio financeiro. Nada mais é do que o empate entre quanto você ganha e quanto você gasta, por exemplo: Se você ganhar mensalmente um valor líquido de R$2.000,00 e todas as suas contas também custarem R$2.000,00, isso significa que você está no ponto de equilíbrio, logo, se você gastar menos do que ganha, obterá um lucro e se você gastar mais do que ganha, obterá um prejuízo.
Pense como uma balança, se os pratos estão na mesma altura, significa equilíbrio entre as duas pontas.
O caminho mais curto e comum utilizado pelas pessoas para se
realizar um sonho material é o financiamento desse bem material e, normalmente não
há como impedir que alguém escolha por essa opção.
No mundo atual, a maioria das pessoas aprendeu a viver
endividada como se fosse algo necessário para preencher um vazio existente.
Muitos não conseguem ficar sem pelo menos um carnê para pagar mensalmente em
pequenas ou grandes parcelas, seja comprando uma TV ou um imóvel, tanto faz, virou uma espécie de terapia.
Para pessoas impulsivas e consumistas, é necessária a reeducação
financeira pois, é possível viver melhor financeiramente, mesmo possuindo
dívidas. Qualquer pessoa pode encontrar o equilíbrio de suas finanças pessoais,
desde que respeite seus limites financeiros e aprenda a enxergar finanças de
forma clara e objetiva.
Uma coisa é ter dívidas, outra é não conseguir honrar essas
dívidas tornando-se inadimplente junto à empresa que adquiriu determinado bem
ou serviço. Financiar um sonho não é o problema em si, o problema é quando esse
financiamento não cabe dentro do orçamento existente pois, o que era para
servir como antecipação de um sonho, pode transformar-se em um pesadelo. A inadimplência,
além de fazer com que você perca o sono, a paz e a sua saúde, acaba por fazer
com que o bem adquirido seja retomado pela empresa que o financiou e ainda
restará um saldo a pagar mesmo devolvendo o bem, pois os bancos não vão perdoar
os juros previstos em contrato.
Quando os bancos emprestam dinheiro para aquisição de um bem
de valor agregado como um carro ou um imóvel, ele projeta o quanto irá ganhar
no período total do financiamento, o que chamamos de juros, ou seja, se você financiar um carro em 60
meses, o banco irá definir na assinatura do contrato o quanto (juros) quer e
irá ganhar em cima do valor principal emprestado, neste caso o valor do carro,
até o final dos 60 meses.
Caso haja inadimplência acima de 60 dias, ou seja, o não pagamento de duas parcelas, o banco na maioria dos contratos tem o direito de regresso do bem, ou seja, de recuperar o bem através de busca
e apreensão judiciais. Após essa retomada, o bem vai a leilão e o valor
alcançado no leilão, servirá para liquidar sua dívida com o banco, normalmente de forma
parcial, afinal, quem compra um bem a vista em um leilão, não irá arcar com os
juros e, por este motivo, restará esse valor para saldar a dívida com o banco.
No exemplo abaixo, faço um cálculo para a aquisição de um veículo em 60 parcelas à uma taxa de juros de 2,5% ao mês e IOF de 0,50% ao mês (em posts futuros explicarei as taxas e tarifas bancárias para melhor entendimento). Considerei ainda que tenham sido pagas 30 parcelas desse contrato, ou seja, 50% do total e que a partir daí não foi paga mais nenhuma parcela, tornando o contrato inadimplente. Supus que o valor de venda em um leilão, que se deu após a retomada do bem pelo banco, foi de R$17.000,00, logo, se pegarmos o valor total do contrato que é a soma das 60 parcelas - o valor das parcelas pagas - o valor de venda no leilão, teremos como resultado o saldo a pagar do contrato que é exatamente a dívida que permanecerá sob a sua responsabilidade para pagamento, ou seja, você continuará devendo para o banco esse saldo.
Conta: 65.039,40 - 32.519,70 -17.000,00 = 15.519,70
Lembre-se, os bancos
nunca perdem dinheiro, pois quando há inadimplência, os bancos possuem abatimento no seu imposto de renda, bem como, normalmente esses empréstimos possuem seguros e o banco acaba por receber o suposto prejuízo!
No Brasil, possuir dívidas já é um padrão para mais de 80
milhões de brasileiros e, com o crescimento econômico esperado para os próximos
anos, as pessoas tendem a contrair mais dívidas e consequentemente aumentar seu
endividamento pessoal.
Esse cenário traz como resultado imediato e negativo, o
aumento das pessoas que possuem pouca ou nenhuma reserva financeira para
enfrentar imprevistos ou situações adversas e extraordinárias que, quando
ocorrem, acabam forçando as pessoas a se endividarem ainda mais.
O brasileiro não aprendeu a poupar antes de comprar. Isso
transforma as pessoas em presas fáceis dos bancos que facilitam o crédito e
cobram juros altos. Para se realizar um sonho, as pessoas tendem a agir com a “Emoção”
e não com a “Razão” e na maioria das vezes contraem uma dívida sem ter clareza das
consequências dessa escolha. Assim, o que parecia ser a melhor solução para
realizar um sonho, acaba transformando-se numa bola de neve sem fim com alto
poder de destruição como demonstrado na planilha acima.
Dívidas estão diretamente ligadas ao consumo inconsciente
pois, vivemos com a já gasta concepção que o importante é ter e não ser, o que
acaba fazendo com que as pessoas em busca de um espaço na sociedade,
endividem-se além do que podem pagar e acabam por sofrer as duras consequências
da inadimplência como: constantes ligações de cobrança, ameaças de retomada do
bem, negativação do nome junto aos órgãos de proteção ao crédito e a efetiva
perda do bem sem que a dívida seja quitada integralmente por isso.
Se a sociedade nos
ensinou a viver enforcados, como fazer para atingir o equilíbrio das finanças?
A resposta mais simples é endividar-se com responsabilidade, do contrário, a
consequência será alta demais, porque a inconsciência no endividamento
financeiro pode destruir vidas!
Pense bem antes de contrair dívidas pois, antes de poupar, é
necessário equilibrar suas contas e dívidas para que não seja sacrificante
poupar e sim gratificante!